Os primeiros anos do século XIV são marcados por várias carestias, que culminariam na Grande fome de 1315-1317.[168] Para além da transição climatérica abrupta do período quente medieval para a pequena Idade do Gelo, as várias carestias são o resultado de uma especialização excessiva emmonoculturas, que deixaram a população vulnerável às devastações causadas por condições meteorológicas desfavoráveis.[169]
No seguimento destas catástrofes, surge em 1347 a Peste Negra, uma epidemia altamente contagiosa e mortal que se disseminou por toda a Europa entre 1348 e 1350.[170] A cifra de mortes é estimada em 35 milhões de pessoas, cerca de um terço da população, e atingiu sobretudo as cidades em virtude da elevada concentração populacional. Grandes porções do território ficaram inabitadas e os terrenos abandonados. Em função da escassez de mão de obra, o preço dos salários na agricultura subiu significativamente, o que, no entanto, seria contrabalançado pela queda abrupta da procura de géneros alimentares. A luta por salários iguais por parte dos trabalhadores urbanos esteve na origem de uma série de revoltas populares por toda a Europa,[171] entre elas a Jacquerie em França, a revolta de 1381 em Inglaterra, e várias revoltas nas cidades de Florença, Gent e Bruges. O trauma infligido pela Peste provocou um fervor religioso por toda a Europa, que se manifestaria na fundação de novas caridades, na culpabilização extrema dosflagelantes e na acusação dos Judeus como bodes expiatórios.[172] A peste regressaria, ainda que esporadicamente e em surtos menores, ao longo de todo o século XIV.[170]