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Arquitetura e arte no século XV
Arquitetura e arte no século XV

 

A arte do fim do período medieval na generalidade da Europa contrasta com a arte italiana do mesmo período. Enquanto que em Itália o contexto artístico mostrava já sinais de que se preparava o Renascimento, no norte da Europa e na península Ibérica mantiveram-se-se o gosto e a preferência pela estética gótica praticamente até o fim do século XV, atingindo-se a exuberância e complexidade manifestas no gótico internacional.[203] A encomenda de arte secular aumentou significativamente em quantidade e qualidade, muito impulsionada pelo patronato das classes mercadoras da Itália e Flandres, fazendo encomendas de retratos de si próprios em óleo e comprando imensa joalharia, cofres, arcas e majólica. Entre os objectos muito apreciados e encomendados encontrava-se também a cerâmica mourisca produzida pelos ceramistas mudéjares em Espanha. Embora os objectos de prata tenham sido em bastante número entre a realeza, são poucas as peças que sobreviveram até aos nossos dias, como a Taça de Santa Inês.[204] O desenvolvimento da manufactura de seda em Itália veio tornar a Europa menos dependente das importações de Bizâncio ou do mundo islâmico. Na França e na Flandres, os conjuntos de tapeçaria como a A Dama e o Unicórnio tornar-se-iam num dos mais cobiçados objectos de luxo.[205]

As complexas gramáticas decorativas do alto gótico, até aí visíveis sobretudo no exterior dos templos, são progressivamente adaptadas a vários elementos do interior, sobretudo em túmulos e púlpitos, como o Púlpito de Giovanni Pisano em Sant'Andrea. Os retábulos pintados ou de madeiraentalhada tornam-se comuns, sobretudo à medida que se começa a criar capelas laterais nas igrejas. A própria pintura flamenga dos séculos XV e XVI, através de artistas como Jan van Eyck (m. 1441) ou Rogier van der Weyden (m. 1464), rivaliza em qualidade com o próprio quattrocento italiano. Osmanuscritos iluminados e os livros de temática secular, sobretudo contos, começam no século XV a ser coleccionados em larga escala pela elite. A partir de 1450 e ainda que caros, os livros impressos tornam-se extraordinariamente populares, havendo já cerca de 30.000 incunábulos impressos no ano 1500.[206] A impressão tornou também obsoleta a iluminura, fazendo destas obras, no século XVI, um objecto com valor meramente artístico e encomendado apenas pela elite. Embora as pequenas xilogravuras, quase sempre de temas religiosos, fossem acessíveis até a camponeses, asgravuras eram mais caras e destinadas a um mercado mais abastado.[207]